Será que você já passou por um conhecido na rua e não foi reconhecido? Quantas vezes alguém chegou falando que te viu em algum lugar acenou pra você e não respondido? Será que por algum acaso você já esbarrou em alguém? Acho que pra essas perguntas a resposta foi: “Sim”.
Acidentes acontecem, porém é enorme o número de pessoas que não enxergam mais o próximo, mesmo quando o próximo está ao seu lado ou na sua frente.No trânsito há muitos menores e adultos que vendem coisas no farol e a grande maioria da população nem abre o vidro, muitas das vezes nem observam, apenas passam os olhos pela situação. Temos também o caso de pedintes e vendedores de doces nos trans-portes públicos, que são completamente ignorados, para muitos é como se eles nem estivessem ali.Conversei com seu Joaquim, auxiliar de limpeza de uma universidade. Ele nos contou que “Existe um pessoal muito legal na faculdade que me trata com muito carinho, até me chamam de tio, me abraçam e pedem a benção para fazer as provas, ai eu falo Deus te abençoe meu filho.”Questiono se todos são assim e a história já muda. “Tem muita gente boa no mundo, gente educada bacana mesmo, mas tem gente que tem o rei na barriga. Uma vez perguntei pra uma menina porque ela deixava o copo no bebedouro não o jogava no lixo, daí ela me disse que era mais que minha obrigação limpar o que ela sujava ela pagava a faculdade pra isso. Na hora fiquei com um nó na garganta. Mas quando cheguei em casa comecei a pensar como preciso desse trabalho, é o que dá o pão pros meus filhos. Depois que minha mulher morreu só to eu e eles, eu sou tudo o que eles tem e eles minha razão de existir.
No farol de uma movimentada avenida, jovens se ariscam com malabares em chamas, questiono com um motoqueiro que ignora a situação. “Ando tão preo-cupado com minha vida, tenho tantos problemas que infelizmente não posso prestar atenção em mais nada muito menos em outras pessoas”. Quando questionado se ele habitualmente pratica a invisibilidade social ele nos informa: “Pra tanta gente sou invisível, acho que só repito o que fazem comigo. É um ciclo você é invisível no seu trabalho, na rua e quando chega em casa acaba fazendo sua família e amigos se tornarem invisíveis pra você.”
Por Jéssica Danne